sábado, 15 de novembro de 2014

Moldura Verde

Como é deprimente omitir a verdade na falta da sinceridade que tanto me define.
Haveriam poucas coisas mais dolorosas que essa na vida de uma pessoa da minha natureza.
E quando você não vê sentido em nada do que você faz e está mais convicto de que sua ausência não faria falta alguma, as coisas ficam ainda piores. 
E algo ainda pior é perceber que você não contava consigo mesmo no que você havia chamado de perfeito em um relato anterior.
Algo constrangedor ao ponto de não sair da terceira pessoa em um texto começado na primeira.
Com muita força volto à realidade: não faço parte da arte que considerei perfeita. Nessa pintura só a moldura é verde e esta nem combina com as cores espalhadas na tela, seria facilmente trocada por uma mais adequada.
É difícil voltar a ver que as coisas voltam a ser arte abstrata que em vários ângulos de visualização não fazem nenhum sentido.
Será que a moldura é considerada parte do quadro? 
É lamentável não querer estar onde se é colocado sem saber o motivo de ter sido inserido nesse contexto sem a mínima possibilidade de explicação. 
Enquanto o autor da obra não se manifesta a pintura continuará com a mesma moldura bizarra, apenas passando de parede em parede e sendo analisada pelos críticos de artes plásticas.

Iago Espindula de Carvalho

Nenhum comentário:

Postar um comentário