quarta-feira, 12 de agosto de 2015

De Maceió à Coronel Oviedo

Bom, antes de começar a digitar esse texto eu fui dar uma lida nas minhas postagens de antes da viagem ao Paraguai e sem dúvida, eu venci muita coisa!

Vou fazer um pequeno resumo pra lembrar o que se passava...

Eu tinha uma palavra de Deus pra ir ao Paraguai fazer FMA e isso era tudo. Em menos de um mês eu teria que me planejar, conseguir o dinheiro pra passagens até lá, as mensalidades, o apoio de pessoas e a coragem de encarar uma coisa totalmente nova e desafiadora, num lugar longe e desconhecido.
Compartilhei com muitas pessoas o que Deus tinha compartilhado comigo e o desafio de confiar nEle em uma situação de dependência total. Então, meus pais foram contra, minha liderança da igreja também não me apoiou. E agora? Eu fui perguntar a Deus, expondo a minha falta de apoio, se de fato eu deveria ir, e as respostas que eu recebia de Deus só me faziam seguir em frente, pois o apoio que eu precisava estava nEle. Então eu disse, eu vou até o final, se eu não conseguir, não vai ser por desistência ou porque eu não tenha confiado.
E ai eu recebi algumas ofertas, olhei passagens pra Foz do Iguaçu e encontrei uma passagem barata que no momento eu tinha como pagar, então eu comprei e me sobraram pouco mais de 2 reais.
Até a semana anterior à viagem eu não tinha nada além desse valor e das passagens. Muita gente tinha certeza de que eu não iria por toda essa situação. Mas nos últimos momentos as coisas foram aparecendo de lugares que eu nem esperava.
Teria que encontrar com algumas pessoas em Foz do Iguaçu no dia 11 de fevereiro, mas minha passagem barata chegava no dia 10, por volta das 01:00 e eu estava disposto a esperar para encontrá-los e seguir pro Paraguai, até então totalmente desconhecido por mim.
E eu fui, até o transporte de minha casa ao aeroporto foi provisão de Deus. E meu coração apertou quando vi minha mãe chorar na porta da minha casa. E uma das palavras que foram chave nesse tempo foi:

Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo.
Lucas 14:26

Na prática, isso é muito difícil, muito mesmo.
Alguns de meus amigos se fizeram presente nesse dia tão especial...


Tinha mais fotos com mais gente importante, só que eu perdi.

E eu voei pela primeira vez, sai pela primeira vez do nordeste, e fui tendo minhas primeiras vezes em muitas coisas.
Chegando ao aeroporto de Foz do Iguaçu, passei a esperada primeira noite, e pela manhã percebi que não conseguiria passar mais 28 horas esperando, então consegui informações de como chegar no Paraguai sozinho, era algo muito louco a se fazer, principalmente sem falar a língua do país, mas diante de toda aquela loucura, já nem era algo tão louco assim.
Dessa forma, sai do aeroporto e então perguntei a um segurança como faria pra chegar na rodoviária de Foz, ele disse que não sabia, mas mostrou onde tinha um ponto de ônibus. Chegando lá, estava uma mulher vestida com roupa daquela empresa de pão de queijo verde que tem nos aeroportos, ela falava ao celular, dizendo que não chegou a trabalhar nesse dia, pois havia sido suspensa por 3 dias. Assim que ela desligou o celular perguntei de imediato se ela tinha a informação que eu buscava, ela então começou a fazer perguntas sobre para onde eu iria e o que eu estava indo fazer lá. Ela demonstrou achar aquilo uma loucura, mas me ajudou. Eu teria que pegar o mesmo ônibus que ela e iriamos descer em pontos diferentes, ela desceria antes de mim, entretanto, não o fez e foi junto comigo. Quando descemos do ônibus, a mulher me indicou o ônibus que eu deveria pegar, e me direcionou bem ao que deveria fazer, e ainda mais, fez algo que me surpreendeu, me deu seu número e disse que se algo ocorresse de errado, eu deveria voltar de alguma forma para Foz, entrar em contato com ela que ela me ajudaria a voltar pra Maceió. Então eu peguei o ônibus para Ciudad Del Este, onde eu daria entrada no Paraguai, e fiquei durante horas dentro do ônibus numa imensa fila de veículos, num trânsito muito lento. Até que cheguei à Aduana e dei entrada no Paraguai. Eu sabia que o próximo passo era chegar na Rodoviária, mas não tinha ideia de como eu faria isso. E quando eu sai da Aduana, 2 homens vieram em minha direção, um cambista e um moto-taxista. E de uma que eu não sei explicar eu fiz o cambio de Real pra Guarani, inclusive, o homem disse que ia me dar uma parte do dinheiro trocada para que eu pagasse o cara da moto, e este por sua vez me levou com mala e tudo pra rodoviária. Chegando lá não foi difícil encontrar um ônibus, afinal todos estavam gritando e oferecendo passagens pros mais diversos lugares do Paraguai, então um homem me perguntou: -Asunción? Eu respondi: -Coronel Oviedo! E ele disse: 40mil! Eu paguei e fui empurrado praticamente pra dentro do ônibus junto com a minha bagagem. Fui durante as quase 5 horas de viagem (que pareceram uma eternidade) tentando não dormir pra não passar do ponto e me perder em um país que nem a língua eu falava.


Essa música é pra quebrar a monotonia desse texto, eu gosto muito dela e o início tem a ver (só um pouco) com a situação. É uma das piores gravações que eu já fiz, mas como não curto ocultar meus erros, tá ai...


Quando cheguei em Coronel Oviedo, fiquei caminhando pelo terminal sem saber o que fazer e nem como ligar pra alguém ir me buscar. E eu olhei pra um homem e falei uma das poucas palavras que sabia: Teléfono. O rapaz me indicou o local, eu fiz a ligação e as pessoas da base foram me buscar. Foi nesse momento que eu parei e pensei, agora estou seguro, mas eu percebi que estava seguro durante todo tempo, porque Deus estava sendo minha segurança e que tudo que eu fiz foi seguir em frente. Muitas pessoas podem não crer nisso, mas como entender que a mulher do aeroporto foi suspensa naquele dia, estava no ponto naquele momento, pra me ajudar daquela forma por acaso? Como crer que de uma forma natural, ao sair da Aduana, aqueles 2 homens iriam me oferecer exatamente o que eu precisava? E ao momento de encontrar a passagem, devido à uma coincidência eu tinha o valor quase exato da passagem?

Eu através da minha própria ótica posso dizer que não consigo ver tudo isso sem ver Deus em todos os detalhes. Ao caminhar por Coronel Oviedo e ver tudo ao meu redor escrito em espanhol ou guarani (e nesse momento eu não sabia diferenciar) eu pensava como o mais abestalhado do planeta terra... “Eu estou no Paraguai, e Deus quem me trouxe aqui!”
Para que eu chegasse nesse ponto, muitas pessoas se deixaram usar por Deus pra me abençoar e eu sou muito grato a Ele por elas. Não vou citar nomes pra não esquecer de pessoas importantes, mas... Muito obrigado!
Por enquanto é isso, aguardem mais história, ou melhor, continuações de uma história que eu ainda estou vivendo.

Até mais!