Estava no
desconforto do meu lar, rolando na cama que não era minha por direito,
impossibilitado de sair por estar preso a um objeto que me deixava refém da
tomada. Era uma situação tão desconfortável que até então nem havia pensado
como um ser dotado de inteligência. Foi aí que lembrei da existência de uma
tomada externa. De imediato deixei o meu atual ambiente de solidão e fui
externar minha solidão numa área realmente externa e solitária, isso é algo
muito comum, chamado popularmente de "sair pra fora". Deitei num
lugar arejado e aberto, então decidi olhar a beleza do céu. E notei-o com muito
cuidado e logo poderia descrever de forma detalhada cada detalhe daquele céu
negro, sem lua e sem estrelas. Diante dessa inusitada visão poderia eu afirmar
a existência de estrelas no céu? Como depois disso poderia crer que há algo
além daquele quadro de dimensões infinitas pintado com uma única e escura cor?
Foi ai que percebi que apesar de não estar vendo os astros no momento, eles
voltariam a encher o céu de luzes e mesmo se não voltassem a brilhar como
outrora, eu teria a convicção de sua existência porque a verdade que é
suficiente pra mim diz que elas foram criadas... E isso me trouxe paz. Assim a
saudade prévia desse tempo que ainda estara a viver encheu aquele ambiente de
uma sensação que não posso descrever de nenhuma forma de expressão conhecida
por mim e ficamos nós três nessa solidão, a verdade, a saudade e eu, apenas.
Iago Espíndula